Com todo o respeito à opinião de Alexandre Gallo, existem, sim, sonhos maiores do que o ouro olímpico. E mesmo que o coordenador das categorias de base da CBF esteja falando apenas sobre seu objetivo como técnico do time que disputará os Jogos de 2016, a medalha de ouro não deveria ser elevada ao Santo Graal.
O exagero que se comete em relação ao “único título que a Seleção Brasileira não tem” é só mais um aspecto do materialismo que conduziu ao 1x7, reflexo do “sonho do hexa” frustrado, complexo de quem quer ter em vez de ser. A dois anos das Olimpíadas do Rio de Janeiro, busca-se uma conquista, não um time.
Jamais ter ganhado o torneio olímpico de futebol não faz falta à Seleção Brasileira. Nem ao currículo da camisa e nem à memória emocional de quem se importa com ela. E quanto maior o investimento de recursos e expectativas, como a convocação de jogadores acima da idade para aumentar a possibilidade de vitória, maior é a decepção com um evento que deve ser encarado como um meio.
Gallo foi o responsável pelo último exercício de supervalorização da medalha que os argentinos ganharam duas vezes nos últimos dez anos. Nos estádios da Copa, ninguém os ouviu cantar sobre os feitos alcançados em Atenas e Pequim. A Espanha venceu em Barcelona 92, conquista que não se compara ao período que teve início dezesseis anos depois.
O ouro no futebol em 2016 não terá significado em si. A não ser que seja conquistado por uma equipe que colabore para a recuperação dos conceitos que a Seleção Brasileira deve exibir, será apenas um objeto de metal. O grande sonho deve ser um time, e aqui estamos falando, claro, da Seleção principal.
Quanto aos conceitos, obviamente não se trata de retornar no tempo até 1970 ou 1982. Não é assim que o Brasil de 2014 deveria JOGAR. O Brasil de hoje deveria jogar como a Alemanha, mas melhor. Esse foi o sonho que os alemães tiveram quando perderam para a Espanha em 2008.
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