FUTEBOL DE MESA E RELIGIÃO NÃO SE DISCUTEM: SEGUIMOS AQUILO QUE NOS CONVÉM

Por acaso já passou pela cabeça de cada um de vocês a possibilidade de a CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE MESA decidir, demagogicamente, que, de uma data em diante, somente uma determinada regra contemplará as disputas em nível nacional? Fatalmente será o caos, pois quem não estiver afinado com a regra escolhida, ou deixará de praticar, ou continuará a jogar a sua preferida como fazíamos na antiguidade, isoladamente.
Para atingirmos o estágio atual, necessário foi sentarmos em mesas redondas e trocarmos ideias, conhecermo-nos, aceitarmo-nos e abrir mãos de muitas conquistas individuais.
Da mesma forma que praticamos uma determinada religião, aceitando que nosso vizinho pratique outra e até parentes escolham uma terceira bem diferente. Todas elas têm um único objetivo, que é amar a Deus e ao seu semelhante, nosso irmão. Essa liberdade está na Constituição da República Federativa do Brasil, nos Direitos e Garantias Fundamentais, capítulo I, Artigo V, parágrafo VI: “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.”
Assim, cada um de nós segue a religião que quiser.
Sendo assim, jogamos na maneira que mais nos agrada. Se optarmos pela Regra de um toque, vamos em frente e tentemos ser o melhor nela. Da mesma maneira, se essa opção for pela de três toques, ou doze toques, ou mesmo dadinho, modalidade adorada pelos cariocas. Há também as escolhas regionais. Há pessoas que jogam a nossa Regra Gaúcha, a Regra Unificada, de autoria de Enio Seibert, que utiliza os mesmos botões da gaúcha, assim como existem outros que preferem a Regra Toque-toque, ou Leva-leva, do Fred Mello. Os pernambucanos adoram a Regra Pernambucana, apelidada, por eles, de a Rainha das Regras. Mas, lá também existe quem pratique a Regra Fogo Tebei. Na Paraíba, há uma Regra Paraibana, com muitos adeptos. No Pará, joga-se a Regra Celotex, cujos participantes realizam campeonatos dentro dos grandes clubes de futebol, ou seja: Remo e Paissandu. No Rio, existe a pastilha, e o pessoal que a pratica a adora. São várias as maneiras de praticar o futebol de mesa, o nosso querido jogo de botões.
O trabalho conjunto no sentido do reconhecimento pelo CND foi feito com a participação dos líderes das três Regras mais praticadas no país. A Regra de Um Toque (Regra Brasileira), a de Três Toques e a de Doze Toques. A maioria esmagadora dos botonistas brasileiros pratica uma das três. Foi essa força que conseguiu transformar uma diversão em esporte.
Imaginemos, então, que o nosso Presidente Farah escolha uma delas e exija que o restante do país a pratique. Seria a derrocada de tudo o que foi construído desde a década de oitenta, quando a aproximação foi iniciada. A Confederação adotou a Regra do Dadinho e a oficializou. Seus adeptos estão espalhados de norte a sul do país.
Agora, teremos, no Brasil, o Campeonato Mundial de Futebol de Mesa. As Regras a serem utilizadas serão a nossa de Doze Toques e o Sectorbal (Regra Húngara, trazida por dirigentes da Federação Paulista e já incorporada no clube brasileiro que mais apoia o futebol de mesa: C. R. Vasco da Gama.
Essa é a oportunidade de todos poderem tomar conhecimento de como o nosso futebol de botões é apaixonante. Pessoas que praticam o futebol de mesa em outros países estarão aqui, em nosso solo, disputando esse Mundial.
Sinceramente, eu desejaria que fosse disputado o Mundial nas Regras Oficiais do CND e mais o Sectorball, já que esse é difundido na Europa há muito tempo. Assim poderíamos sentir a reação dos botonistas estrangeiros ao conhecer as nossas três principais regras de jogo. Quem sabe não seriam adotadas em outros países a nossa regra de um toque e a de três toques?
A grande maioria brasileira joga a Regra de Doze Toques, mas ela não é a única em nosso país. Outras existem e devem ser mostradas aos que nos visitam. Talvez estejamos muito perto da data da realização desse espetacular campeonato, mas a ideia fica lançada e que o nosso vice-presidente Robson Marfa consiga sensibilizar o nosso presidente Farah nesse sentido.
Até lá, cada um joga na regra que escolheu, pois para ele é a melhor que pode existir e ninguém o fará mudar de opinião.