10 MANDAMENTOS


1 – Não existe regra ruim e sim, opções e gostos diferentes, respeite, procure conhecer e se possível jogar todas elas, mesmo que tenha sua preferência não menospreze as outras. “FAÇA CRESCER O BOTONISMO”

2 – Seja sempre honesto em qualquer situação, mesmo que não seja favorável a você.  “É MELHOR PERDER HONESTAMENTE QUE VENCER SABENDO QUE ESTÁ ENGANANDO A SI E AOS OUTROS”

3 – Procure saber tudo sobre o tipo de botão com que você joga, principalmente material de que é fabricado, tamanho, ângulo, peso, altura, sua melhor posição para o chute etc. “SEJA DETALHISTA, SE VOCÊ NÃO CONHECE NEM OS SEUS BOTÕES NÃO PODE CONHECER O ADVERSÁRIO”

4 – Faça do botonismo seu hobby preferido. “EM QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA NÃO TROQUE SEU JOGO DE BOTÃO POR OUTRO ESPORTE”

5 – Zele pelos seus botões, mesmo que outras pessoas os achem feios ou mal feitos, mantenha-os sempre limpos e bem guardados, tenha sempre consigo todo material necessário para limpeza e conservação. “O IMPORTANTE É SEMPRE TER UM TIME EM PERFEITAS CONDIÇÕES DE JOGO”

6 – Treine sempre, faça o maior intercâmbio possível, não se preocupe com o placar do treino, procure fazer jogadas mais difíceis neste treino para melhor aproveitá-las nas circunstâncias de sua necessidade nos jogos oficiais. “JOGO É JOGO, TREINO É TREINO”

7 – Controle o sistema nervoso, procure sempre manter a calma, se concentre apenas no jogo e não se influencie com o extra campo ou com a qualidade da bola ou do campo. “AS CONDIÇÕES SÃO IGUAIS PARA AMBOS E SEU NERVOSISMO SÓ FAVORECE O ADVERSÁRIO”

8 – Procure se concentrar no tempo de jogo, com este treinamento, depois de algum tempo você saberá se o jogo está no fim. “ALGUNS SEGUNDOS PODERÃO SER IMPORTANTES NO FINAL DA PARTIDA”

9 – Não existe jogo fácil, jogue com a mesma responsabilidade todos os seus jogos, tenha sempre uma tática de jogo para sua necessidade, saiba como jogar precisando vencer, empatar ou até perder. “O MENOSPREZO AO ADVERSÁRIO É O MAIOR ALIMENTO DA ZEBRA”

10 – Nunca jogue de costas, ou seja, com a paleta voltada para você, dê a volta no campo e jogue de frente, toda jogada é importante, a sua negligência pode causar resultado inesperado. “NA JOGADA MAIS FÁCIL É QUE SE DEVE CAPRICHAR MAIS” 

Se você cumprir à risca estes mandamentos certamente será um grande botonista.

SER BOTONISTA É UM ESTADO DE ESPÍRITO!

Ali no quadrilátero retangular de madeira costumamos projetar sonhos; pretensões, anseios, quimeras, visualismos, realizações pessoais. Materializamos projetos; enfeixamos em um determinado "Botão" a expressão maior de nossa habilidade; de nossa paixão; de nossa promoção pessoal! Ele, o "Botão", para nós, é ídolo!.
Quando, ao faturarmos um gol legítimo, lindo, raro, rompemos o silêncio e a introspecção que o jogo em si, a disputa em si, nos impõe, e por vezes então , com um soco no ar,...
Chegamos ao extremo de uma vibração maior, no limite de nossa emoção, de nossa paixão, de nossa sensibilidade, que aflora também no limite de nossas cordas vocais, por vezes com os olhos úmidos, ante aquele " gol ", - conquista extrema e valiosa,(!) - esperada e obtida!
Então, a inércia da bolinha branca, aninhada nas redes de nosso adversário... seu silêncio, e o balanço das redes pelo impacto da bola, como resultante do chute vigoroso de nosso goleador... - aciona em nosso universo anímico, uma eclosão mágica de vibração, e como que acautelamento; sensação esta de vigor e bem estar, um momento de prazer e felicidade rara... tão nossa conhecida, mas só desfrutada e valorada por quem vive um momento assim... reservado pelos "deuses" aos botonistas que não hesitam em repartir uma boa facção de seus dias, e de suas vidas, dedicados ao "jogo de botões"!
Estes momentos que se sucedem, tão nossos conhecidos, serão eternos enquanto vivamos! Enquanto tivermos ao alcance da mão: um time de botões... polidos; numerados, elencados, treinados, escalados, e uma bolinha branca para ser acionada, compelida em rumos os mais variados en cima da mesa, durante trinta minutos valiosos de nosso dia, em submissão a um "carnet", ou a uma escala de um campeonato ou torneio na defesa de nossas cores! São momentos eternos enquanto vivermos, para nós todos! Somos uma legião! 
O suave balanço da rede adversária, após um chute de nosso atacante, a visão, a constatação desse lance uma vez consumado, vale mais do que aplausos prolongados de uma multidão! 
O Botão, viverá em mim enquanto eu viva! E tiver dispondo de minha lucidez! Senhor de meus atos e de minha vontade! Dono de meus caprichos e de eleitor exigente de meus botões, que compõe o meu complemento, eis que eles, todos eles com os quais eu jogo e disputo os jogos, são partes integrantes de mim, são um prolongamento de mim mesmo!
Quão gratificante sempre será o entrechoque de botões em uma mesa Galalites e acrílicos, num desfile de cores, formas e tamanhos!
Jamais um impulso em um botão, será ou terá sido um gesto mecânico, ou ocasional meu!
Ele, o botão impulsionado, que sai de sua inércia, e ocupa um lugar na mesa, obedece uma determinação de meu cérebro e o comando de minha mão!
Há mais de 20 anos participo de partidas, nos mais variados rincões de meu Estado!
Meus botões já ocuparam e ocupam sempre um lugar de destaque, especial, e protegidos em uma caixinha ou em um estojo, quais pérolas raras, que por mim valorizados, viajam envoltos em flanelas e veludos, numa caixa especial, adredemente preparados para protegê-los!
As vitórias? Elas são doces! Elas tem o sabor do mel da flor de laranjeira! Elas despertam e acionam em mim, as cores do arco-íris, quando relembradas, quase todas, em detalhes!
Isto me faz admitir, quão maravilhoso é o nosso cérebro... eis que arquivadas em minha memória, lembranças fantásticas de fantásticas vitórias!
Claro que, seus autores, meus botões, tornaram-se " pequenos ", se comparados com as medidas modernas, adotada por meus contemporâneos!
Entre os enormes defeitos que detenho, um deles, entre os que conheço, encontra-se minha franqueza, sinceridade, e extremado senso crítico ...Sou transparente no que penso! Não sou bajulador e não gosto de ser bajulado!
Mas os amigos são um presente de Deus! Jogar futebol de botão é um lazer sadio! A sorte, se existe, porque trata-se de um jogo, influência muito pouco no resultado da partida... Mas existem lances que atribuimos ao "acaso" - decorrentes da umidade, da temperatura, da falta de preparo adequado do botão escalado... e mesmo como dizia o Nelson Rodrigues, atribuimos ao "Sobrenatural de Almeida" por serem inexplicáveis à luz da lógica!
Estas considerações, divagações e referenciais, foram elaboradas, todas, ditadas por meu coração! Elas são verdadeiras...
São reminiscências, que me foram solicitadas por um dos "incontáveis" companheiros, e ocasionalmente, "adversário". Penso ter atendido seu pedido.
Pinto esta tela de minhas lembranças, com as cores de nossos botões!
A inércia deles - dos botões - ameaça contaminar esta crônica, fadada a ser esquecida no tempo, e ficar e permanecer inerte, no arquivo de um jornal... Mas sei de forma e maneira convicta, que ela, esta crônica, foi escrita e dirigida para ti, que vives no mundo restrito do "circo dos botões"... E uma vez lida e entendida, entenderás por isso, tu que és portador de Razão e Sensibilidade, que te trazem e acendem em ti: paixões sadias e emoções não medidas, mas que tem o condão de acelerar o teu coração e que te exigem postura!
E no instante mágico em que isto ocorrer, lembrarás de mim, onde quer que eu esteja, em qualquer dimensão em que eu for enviado... saibas que se eu tiver oportunidade de falar com Deus, pedirei, exigirei Dele que me seja dada a felicidade plena e suprema de ter comigo, no céu, um time de botões, uma mesa, uma bolinha e um adversário com as qualidades, e a grandeza e pureza de espírito do André Santos, do Márcio Carvalho (Marcinho), do Cláudio 'Latino' e do Márcio Maia! Ah ! Quase esqueço de dizer... Mas... ainda há tempo. Ainda há espaço. As 'navalhadas' do sr Aurélio, que saem chutes como se fossem 'pombo sem asas'...

O EGOÍSMO NO FUTEBOL DE MESA!

Quando algo é muito bom, valioso, e interessante, a tendência em geral, é fazer com que permaneça para que todos aqueles que se interessam, possam usufruir.
Pratico o futebol de botão desde quando ainda era bem menino. Hoje, já quase careca e uma bagagem imensa de vida que se acumulou ao longo do tempo, ainda permaneço firme e forte naquela que era apenas uma divertida brincadeira, mas que cresceu, e foi sabiamente reconhecido com esporte. Quem diria...
As coisas mudaram muito de lá para cá, quando o negócio era simplesmente jogar botão sem se preocupar com nada. Jogava-se em qualquer canto onde os botões pudessem deslizar. As regras eram mais simples do que as praticadas hoje. Chutávamos ao gol de qualquer lugar. Os troféus eram feitos de caixinhas de papelão ou até mesmo caixinhas de fósforos, coladas e devidamente ornamentadas. A bolinha era um pequeno disco, dadinho, bolinha de cortiça e, na falta dele, usávamos velhos botões de camisa, papel alumínio ou papel de pão. 
Tudo mudou. Os botões, por exemplo, são calibrados e confeccionados em acrílico. Os modelos são muitos e um é mais bonito que o outro. A bolinha ficou de fato redonda e é confeccionada em feltro. As traves são réplicas perfeitas do futebol de campo. As equipes usam uniformes em campeonatos oficiais. As técnicas para se jogar evoluíram muito. As palhetas são diversificadas e existem modelos tem para todo tipo de gosto. 
Realmente o futebol de botão, que agora é chamado de futebol de mesa, seria perfeito, se não fosse por um motivo que ainda incomoda: O egoísmo de muitos que o praticam. 
Classifico o futebol de mesa como algo muito especial. Ele diverte; gera novas amizades; mantém a inocência dos tempos de criança; faz bem para a mente e para o coração; leva a romper limites; faz novos campeões; coloca em igualdade, adultos e crianças, por exemplo. 
Percebo que os botonistas da minha geração são apaixonados por jogar botão, e estão mais preocupados em se divertir do que em deixar uma herança desse esporte para as futuras gerações. 
Existem clubes que estão bem fechados para entrada de novos adeptos. As caras são sempre as mesmas. E o culpado desse lamentável procedimento é o egoísmo que todos nós carregamos. Logicamente que muitos não agem assim porque querem. Talvez ainda não despertaram para essa necessidade eminente. Obviamente que ninguém é obrigado a ter esse tipo de preocupação. 
O futebol de mesa é bom e interessante, pelo menos é assim que o vejo. Então, o melhor a se fazer além de se divertir com esse magnífico esporte, é abrir as portas das oportunidades para que os nossos jovens tenham acesso a este mundo encantado, chamado futebol de mesa. 
É preciso pensar nas novas gerações que estão infectadas pela violência dos vídeos games atuais. 
Que tal montarmos escolinhas para ensinar as crianças? Em nosso clube já o fazemos, e sei que em outros lugares também. Que bom. 
Se o futebol de mesa não fosse tão bom como o é, jamais teria sobrevivido por tanto tempo. 
Combatemos o egoísmo que faz com que pensemos somente na satisfação própria. Levemos essa herança bendita chamada futebol de mesa para as nossas crianças. Tenho certeza que será bem mais divertido. 
Obrigado por ler essa matéria.  Até a próxima, se Deus assim permitir.