MORTOS-VIVOS: DJALMA SANTOS - "O HOMEM DE AÇO"

Ele nasceu para ser o maior. Sua biografia é uma coleção de vitórias técnicas e morais. Um monumento de simplicidade e modéstia.
Paulistano, Dejalma Santos nasceu no Bom Retiro em 27 de fevereiro de 1929. Teve uma infância miserável. Ajudava a mãe, Laura, a fazer faxina. Su pai, Sebastião, morreu na Revolução de 1932. Dona Laura foi abatida por um câncer quando Dejalma tinha só 12 anos. O garoto foi então morar com uma irmã e trabalhar numa fábrica de calçado, onde lesionou seriamente a mão direita. Quando podia, mostrava seu talento nos campinhos de futebol. Fez testes no Ypiranga e no Corinthians. Mas, segundo o jornalista Felipe Seffrin, sonhava mesmo ser piloto da FAB.
Cresceu encorpado, com 1,73m e 73 kg. Começou na Portuguesa de Desportos em 1948. Mais tarde virou "Santos" e acrescentou "Djalma" para não ser confundido com Nilton Santos.
Tentou ser volante, mas se acertou com a camisa 2. Foi o segundo homem que mais jogou na Portuguesa (434 vezes). Era conhecido como "O Homem de Aço". Aos 25 anos estava na Copa do Mundo de 1954, na Suíça. Em 1958 foi para a Suécia como reserva de De Sordi, que se machucou. Entrou como titular na final contra a Suécia e anulou o atacante Skoglund. Um único jogo e foi eleito o melhor lateral-direito da Copa. Em 1959 foi para o Parque Antártica, onde viveria seus anos de glória em 498 partidas. Fez parte da primeira Academia. Ganhou uma penca de títulos. Em 1962 já tinha 33 anos, mas entrou em todos os jogos como titular na Copa do Mundo do Chile. Em 1963 foi o único brasileiro convocado para uma seleção da FIFA, que reuniu os melhores do mundo como Yashin, Di Stéfano, Puskas e Eusébio. E ainda seguiu para a Copa do Mundo da Inglaterra, em 1966. Aposentou-se em 1971, no Atlético (PR), aos 42 anos.
A performance de Djalma Santos na seleção da CBD é impressionante. Jogou 111 vezes com a amarelinha em 16 anos (1952-1968). Venceu 79 partidas. Tinha uma poderosa cobrança de lateral. Colocava a bola com os braços no meio da área adversária. "Djalma Santos põe, no seu arremesso lateral, toda a paixão de um 'Cristo Negro'", definiu Nelson Rodrigues.
Jogou 1.075 partidas em toda a carreira sem ter sido expulso uma única vez. Foi várias vezes eleito o melhor lateral-direito da história. Duas vezes pela Revista Placar (1981 e 1999). Ganhou a mesma homenagem da FIFA em 1997. Segundo Tostão, ele "se destacou quando os laterais só marcavam." " Futebol, para ele, era um teatro", disse César Maluco.
Em 1983 mudou-se para Uberaba (MG). Vivia da aposentadoria. No dia 30 de junho de 2013, aos 84 anos, Djalma Santos passou mal com a emoção da conquista da Copa das Confederações pelo Brasil. Ficou 22 dias com quadro de pneumonia grave. Logo estava na UTI, onde ficaria até morrer, em 23 de julho de 2013. Deixou uma filha, a Laura. Até os gigantes um dia partem...