Começamos a fase dos grandes torneios e opens do botonismo em todo o
território nacional. As ligas e clubes estão agitados no cumprimento de seus
calendários buscando os melhores de todas as categorias de 2013. Haja
flanelinha para lustrar tantos botões...
Cada um se prepara como pode. Alguns treinam de vez em quando conforme
podem, enquanto outros fazem um esforço ainda maior, treinando de duas a três
horas por dia, buscando um desempenho de excelência para os duelos do futmesa
que muitas vezes, lembram as lutas dos grandes gladiadores. E por falar nisto,
você já viu uma partida de futebol de mesa entre dois campeões valendo o
caneco? Se não viu, quando você tiver o privilégio de ver vai entender o que eu
quero dizer. E se já viu, sabe bem como tudo acontece quando as cortinas se
abrem para o espetáculo.
Sei que todos os esportes são levados a sério. Mas no futebol de mesa é
incrível os níveis das disputas. Como é tratado com seriedade um torneio. E
pensar que tudo começou como uma brincadeira inocente de criança... É difícil
até piscar quando os jogos se tornam eletrizantes e a disputa é apertada.
Existem jogos que são decididos em favor de quem erra menos, tamanho o
aprimoramento das técnicas sobre o tablado verde.
Sabemos que não são todos que se tornam campeões. Porém, acredito que a
grande maioria deseja ser vencedor naquilo que se esmera em fazer bem.
Certamente que existem muitos campeões em muitas coisas boas neste mundo
e que nunca foram reconhecidos, infelizmente. São os campeões anônimos
espalhados pelos becos e ruas das cidades.
No caso do futebol de mesa, a coisa aperta sobremodo quando se joga um
torneio, ainda que entre velhos amigos. De um lado alguém que joga o simples e
velho botão pelo prazer. Do outro lado da mesa alguém que tem a fama de ser
matador, e que joga palhetando olhando para o troféu em disputa.
É muito provável que a tensão invadirá o coração do botonista que se
julga inferior e com menos gabarito para vencer um talentoso campeão. Em geral,
é possível ver esportistas que entram para os duelos já derrotados. O medo pode
ser um adversário bem pior do que o botonista que está do outro lado da mesa.
Já ouvi relatos de botonistas que chegaram ao cúmulo de enxergar os
botões do adversário maiores, melhores, ou com a “nítida” impressão de se
tratar de um material invencível. Nada disso! Isto tudo não passa de efeitos
colaterais de gente insegura, e que em competições de níveis elevados, acabam
se manifestando de tal forma que não permite que um botonista desempenhe bem o
seu jogo. O medo cega e faz com que um competidor se retraia, enterrando seu
talento e gerando um outro sintoma: Acuamento. Bem, não existe uma fábrica de campeões. Nunca vi uma academia
especializada em formar vencedores, embora alguns insistam nisto. Creio que é
possível sim, desenvolver talentos e aprimorar técnicas. E isto pode acontecer
com qualquer um que realmente queira pagar os preços dos exaustivos
treinamentos. Conheci muitas pessoas durante minha vida. Estou o tempo todo
tratando com pessoas e conhecendo seus corações. Percebo que existem pessoas
que, por algum motivo, são mais determinadas que outras. Em uma partida de futebol de mesa, valendo algum reconhecimento
importante do meio, é possível perceber aqueles que são mais determinados e
aqueles que jogam a toalha da desistência sem oferecer o mínimo de resistência.
É claro que os treinamentos fazem a diferença. Treinos e decisão de superação é
dupla explosiva para o sucesso.
Estou convicto de que existem pessoas que tem algo mais dentro de si.
Talvez, quem sabe, foi a criação dentro do lar que lhes proporcionou um espírito
vencedor. Pais que foram modelos quanto a perseverança. As grandes lutas da
vida podem ter contribuído em muito para que o gatilho da determinação fosse
acionando dentro de uma determinada pessoa. Outras pessoas, no entanto, parecem
mais frágeis e não tão determinadas. Desistem com facilidade e fogem aos
confrontos que são inevitáveis, dentro e fora de jogo. No futebol de mesa é
possível lidar com essas fragilidades que são típicas do ser humano.
Penso que as escolhas e as decisões sempre são nossas. Por algum motivo
recebemos em nosso ser a capacidade de decidirmos como queremos ser. Já o
controle quanto ao que seremos pode não estar totalmente em nossas mãos. Já vi
gente “pequena” no futebol de mesa enfrentando de igual para igual gente mais
capacitada. Como pode? Pode, porque esta pessoa “pequena” decidiu ser grande, e
jogar como gente grande. Mas também já vi gente “grande” agir como gente
absolutamente incapaz, neutra.
Quando entramos em campo com nossos botões pra lá de incrementados,
decidamos ser competidores determinados. E se estiver levando de goleada, não
desista! E sabe por quê? Bem, como já disse, existem muitos campeões que nunca
foram reconhecidos. Campeões sem medalhas ou sem troféus. Isto não importa
botonista! Só o fato de você enfrentar feras que você considera melhores do que
você, e mesmo assim, lutar de igual pra igual, faz de você um grande campeão.
Ser honesto, respeitoso para com o adversário e competir com garra, já mostram
que você tem aquele algo mais dentro de você. Você verá que os seus oponentes
terão que te respeitar por causa da sua determinação. O resultado de uma
partida pode não passar de um simples detalhe, entende?
Quanto a medalha... bem... Penso que ela já está em seu coração. Por
isso não a despreze. Mesmo que só você a veja.
(Em 08/05/2013)