O FUTEBOL DE MESA VAI ACABAR!

A constatação acima pode parecer apocalíptica ou até mesmo pessimista, mas é uma realidade. Dolorosa, por sinal, para os amantes de um jogo tão lúdico...

Nos últimos meses me peguei pensando no futuro do “esporte bretão de mesa”, como costumo chamá-lo, e não vi nada muito animador. Pelo contrário, o vi como peça de museu, o que aliás já se tornou, ou como lembrança em mentes de velhos que pouco distinguem a realidade das ilusões...
As causas? A era digital, o videogame, pensariam alguns... Crianças amadurecendo mais cedo, interessadas em temas de adulto, pensariam outros... Mas pra mim, a causa do fim do futebol de botão são os próprios botonistas!!! Isso mesmo, os praticantes, os ditos “amantes” desse esporte que deixou de ser brincadeira para virar coisa séria, federada.
A profissionalização é o problema, então??? Não, de forma alguma.
A seriedade e o respeito com que os profissionais trataram o hoje chamado “Futebol de Mesa” foi louvável e, com toda certeza, foi o que deu novo gás ao esporte e, provavelmente, vai prolongar um pouco sua “vida”.
Mas, de novo digo, que o que vai matar o futebol de botão é o próprio botonista!!!

Eu jogo botão desde 1987, quando ganhei meus primeiros botões, do meu grande herói: o meu pai. Tinha, então, 7 anos. As lembranças mais remotas que tenho desta época são de montar meu “campo”, uma mesa xalingo, e até no chão, nos tacos de madeira da casa onde morava e até na casa de minha avó.

De 2002 para cá, a brincadeira ficou um pouco mais séria, abri fronteiras em busca de um maior intercâmbio com outros botonistas. Disputei campeonatos abertos, oficiais e conheci jogadores de outras localidades, fabricantes, colecionadores, enfim, saí da “casca”...

Mas hoje, dez anos depois, estou quase fazendo o caminho oposto.

Após constatar que no “mundo do botão” a vaidade impera, que aquele time que eu tenho ninguém mais pode ter, que aquela foto 'tal' é ouro e eu não posso copiar pra você, que eu não posso te passar o telefone do cara que vende dadinho ou placa de acrílico, que o que importa é o que eu tenho e dane-se o resto, que o que vale é a política da exclusão, de desprezar tudo que é diferente do que acredito, hoje eu decidi dar um passo atrás e voltar 10 anos no tempo, pro período em que eu amava jogar botão e 'fazer' meus times... e só!!!

Durante este convívio fiz amigos, é verdade. Poucos, diga-se. Mas desta experiência o que me restou foi uma sensação de que o botonista, a fim de preservar o “eu”, vai matar o esporte, vai matar o “nós”. Terminará jogando sozinho, mas com um grande acervo de times e fotos. É Isso!!! Viva a mediocridade!!! Viva o individualismo!!!

Não pretendo ser arauto de nada!!! Só quero passar para meu filho, a mesma paixão que eu, meu irmão  e meus primos sentíamos na infância quando passávamos horas sobre uma tábua verde, a mesma paixão que sinto todo sábado quando reunimos mais de dez marmanjos, no River F. C. (na Abolição) após semana estressante de trabalho...

E se você é um daqueles que cultivam o “nós”, estamos abertos para você vir jogar amistosos e praticar o melhor esporte do mundo!!!