Ali no quadrilátero retangular de madeira costumamos projetar sonhos; pretensões, anseios, quimeras, visualismos, realizações pessoais. Materializamos projetos; enfeixamos em um determinado "Botão" a expressão maior de nossa habilidade; de nossa paixão; de nossa promoção pessoal! Ele, o "Botão", para nós, é ídolo!.
Quando, ao faturarmos um gol legítimo, lindo, raro, rompemos o silêncio e a introspecção que o jogo em si, a disputa em si, nos impõe, e por vezes então , com um soco no ar,...
Chegamos ao extremo de uma vibração maior, no limite de nossa emoção, de nossa paixão, de nossa sensibilidade, que aflora também no limite de nossas cordas vocais, por vezes com os olhos úmidos, ante aquele " gol ", - conquista extrema e valiosa,(!) - esperada e obtida!
Então, a inércia da bolinha branca, aninhada nas redes de nosso adversário... seu silêncio, e o balanço das redes pelo impacto da bola, como resultante do chute vigoroso de nosso goleador... - aciona em nosso universo anímico, uma eclosão mágica de vibração, e como que acautelamento; sensação esta de vigor e bem estar, um momento de prazer e felicidade rara... tão nossa conhecida, mas só desfrutada e valorada por quem vive um momento assim... reservado pelos "deuses" aos botonistas que não hesitam em repartir uma boa facção de seus dias, e de suas vidas, dedicados ao "jogo de botões"!
Estes momentos que se sucedem, tão nossos conhecidos, serão eternos enquanto vivamos! Enquanto tivermos ao alcance da mão: um time de botões... polidos; numerados, elencados, treinados, escalados, e uma bolinha branca para ser acionada, compelida em rumos os mais variados en cima da mesa, durante trinta minutos valiosos de nosso dia, em submissão a um "carnet", ou a uma escala de um campeonato ou torneio na defesa de nossas cores! São momentos eternos enquanto vivermos, para nós todos! Somos uma legião!
O suave balanço da rede adversária, após um chute de nosso atacante, a visão, a constatação desse lance uma vez consumado, vale mais do que aplausos prolongados de uma multidão!
O Botão, viverá em mim enquanto eu viva! E tiver dispondo de minha lucidez! Senhor de meus atos e de minha vontade! Dono de meus caprichos e de eleitor exigente de meus botões, que compõe o meu complemento, eis que eles, todos eles com os quais eu jogo e disputo os jogos, são partes integrantes de mim, são um prolongamento de mim mesmo!
Quão gratificante sempre será o entrechoque de botões em uma mesa Galalites e acrílicos, num desfile de cores, formas e tamanhos!
Jamais um impulso em um botão, será ou terá sido um gesto mecânico, ou ocasional meu!
Ele, o botão impulsionado, que sai de sua inércia, e ocupa um lugar na mesa, obedece uma determinação de meu cérebro e o comando de minha mão!
Há mais de 20 anos participo de partidas, nos mais variados rincões de meu Estado!
Meus botões já ocuparam e ocupam sempre um lugar de destaque, especial, e protegidos em uma caixinha ou em um estojo, quais pérolas raras, que por mim valorizados, viajam envoltos em flanelas e veludos, numa caixa especial, adredemente preparados para protegê-los!
As vitórias? Elas são doces! Elas tem o sabor do mel da flor de laranjeira! Elas despertam e acionam em mim, as cores do arco-íris, quando relembradas, quase todas, em detalhes!
Isto me faz admitir, quão maravilhoso é o nosso cérebro... eis que arquivadas em minha memória, lembranças fantásticas de fantásticas vitórias!
Claro que, seus autores, meus botões, tornaram-se " pequenos ", se comparados com as medidas modernas, adotada por meus contemporâneos!
Entre os enormes defeitos que detenho, um deles, entre os que conheço, encontra-se minha franqueza, sinceridade, e extremado senso crítico ...Sou transparente no que penso! Não sou bajulador e não gosto de ser bajulado!
Mas os amigos são um presente de Deus! Jogar futebol de botão é um lazer sadio! A sorte, se existe, porque trata-se de um jogo, influência muito pouco no resultado da partida... Mas existem lances que atribuimos ao "acaso" - decorrentes da umidade, da temperatura, da falta de preparo adequado do botão escalado... e mesmo como dizia o Nelson Rodrigues, atribuimos ao "Sobrenatural de Almeida" por serem inexplicáveis à luz da lógica!
Estas considerações, divagações e referenciais, foram elaboradas, todas, ditadas por meu coração! Elas são verdadeiras...
São reminiscências, que me foram solicitadas por um dos "incontáveis" companheiros, e ocasionalmente, "adversário". Penso ter atendido seu pedido.
Pinto esta tela de minhas lembranças, com as cores de nossos botões!
A inércia deles - dos botões - ameaça contaminar esta crônica, fadada a ser esquecida no tempo, e ficar e permanecer inerte, no arquivo de um jornal... Mas sei de forma e maneira convicta, que ela, esta crônica, foi escrita e dirigida para ti, que vives no mundo restrito do "circo dos botões"... E uma vez lida e entendida, entenderás por isso, tu que és portador de Razão e Sensibilidade, que te trazem e acendem em ti: paixões sadias e emoções não medidas, mas que tem o condão de acelerar o teu coração e que te exigem postura!
E no instante mágico em que isto ocorrer, lembrarás de mim, onde quer que eu esteja, em qualquer dimensão em que eu for enviado... saibas que se eu tiver oportunidade de falar com Deus, pedirei, exigirei Dele que me seja dada a felicidade plena e suprema de ter comigo, no céu, um time de botões, uma mesa, uma bolinha e um adversário com as qualidades, e a grandeza e pureza de espírito do André Santos, do Márcio Carvalho (Marcinho), do Cláudio 'Latino' e do Márcio Maia! Ah ! Quase esqueço de dizer... Mas... ainda há tempo. Ainda há espaço. As 'navalhadas' do sr Aurélio, que saem chutes como se fossem 'pombo sem asas'...
Vc escreve muito bem, camarada. Linguajar fácil e redação convidativa, Parabéns!
ResponderExcluirObrigado, Serjão!!! Seu Blog também tá nota 1.000!!!
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