Após alguns toques curtos, o jogador olha para o goleiro, ajeita a palheta e avisa para o adversário: “Vai pro gol”. Relembrada com saudosismo por quem viveu intensamente os torneios informais na infância, o futebol de botão é também levado a sério dentro e fora do Brasil. A Itália foi apresentada ao jogo na tela de cinema através do documentário “Vai pro Gol” (Confira o trailer exclusivo para O GLOBO). O filme foi exibido no 30º Milano Internacional Ficts Fest, que reúne produções de esporte feitos para cinema e televisão, em Milão, na Itália.
Dirigido de forma independente por Felipe D’Andrea, o documentário traça um panorama da brincadeira encarada também como um esporte. Diretor de filmes comerciais, ele se interessou pelo tema após assistir uma reportagem sobre um dos campeonatos organizados pela Federação Paulista de Futebol de Mesa. Dois anos depois, não tem arrependimento por ter investido seus finais de semanas no “mundo do botão”.
— Imaginava que o jogador seria aquele sujeito que gosta muito de futebol, da mesma faixa etária e classe social — confessa. — Mas não é isso. A única coisa em comum é a paixão pelo futebol e, na maioria dos casos, a incapacidade de jogar futebol. É no botão que ele bota toda a magia.
— Imaginava que o jogador seria aquele sujeito que gosta muito de futebol, da mesma faixa etária e classe social — confessa. — Mas não é isso. A única coisa em comum é a paixão pelo futebol e, na maioria dos casos, a incapacidade de jogar futebol. É no botão que ele bota toda a magia.
Em Milão, Felipe D’Andrea vai apresentar uma versão de 22 minutos do filme. A versão original tem 47 minutos e foi produzida como o objetivo de ser vendida para a televisão.
— Fui bastante para o lado pessoal, tentei entender a relação dos personagens com o futebol de botão e esse fanatismo — explica Felipe, que fala sobre o que encontrou nesta busca. — A primeira foi a paixão pelo futebol. A segunda é a saudade da infância. Isso todos eles têm. Eles gostam de falar da época de criança, que pegavam tampa do relógio e iam jogar na rua.
O cartunista Mauricio de Sousa, o publicitário Washington Olivetto e o músico Wilson Simoninha estão entre os entrevistados. No entanto, a maioria dos personagens do filme são anônimos, como um jogador que, quando menino, acreditava que ser bom no futebol de botão traria seu pai de volta. Hoje, trabalhando como juiz do trabalho, conta que aquele tinha sido o último presente que recebeu antes de seu pai sair de casa.
A brincadeira está morrendo? Os personagens do filme, quase todos com mais de 30 anos, mostra como a brincadeira é cada vez menos popular entre as crianças.
— O botão era brincadeira de rua, mas hoje está morrendo — lamenta Felipe, que se interessou pelo jogo durante as filmagens e que já tem seus próprios jogadores de botão. — As crianças atualmente não têm mais ruas para brincar, não vão mais para a casa dos amigos. Trocaram isso tudo por videogame.
Vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa (CBFM), Marcelo Lages concorda com a percepção de Felipe D’Andrea de que o jogo é cada vez menos praticado pelos jovens. Ele crê, no entanto, no fascínio que os botões podem exercer nas crianças.
— A garotada prefere jogar videogame do que um futebol de mesa, em que tem que se organizar, conseguir um adversário. No videogame, você aprende um macete e vai fazer o mesmo gol umas 50 vezes. No futebol de mesa, pode fazer dali uma vez, mas o adversário vai perceber e marcar. Quando você consegue mostrar isso para a garota, elas se encantam — garante.
Além de comprar um time de botões, quem quiser levar mais a sério o futebol de botão pode procurar informações junto à Federação de Futebol de Mesa do Estado do Rio de Janeiro ou em algum link ao lado.