Como costumo fazer, lendo os diversos blogs sobre
nosso esporte, fiquei curioso com o título que o Ricardo Meni, de Jaboticabal
(SP), utilizou para o seu artigo no FUTMESA BRASIL:
“Por que “gente grande” é fascinada pelo futebol de
botão?
Como todos os seus artigos são muito bem
elaborados, esse não foi diferente e são abordadas, nele, as justificativas que
levam pessoas com cabelinhos grisalhos, com filhos e netos, a se dedicar ao
mesmo esporte que praticava em seus tenros dias.
Eu penso, em adesão a ele, que há uma mística que
percorre, juntamente, com o sangue, o nosso corpo e alimenta o nosso espírito. É
algo indescritível que ninguém jamais será capaz de explicar, pois transcende à
explicação. Amamos o futebol de mesa e nele voltamos a ser os mesmos meninos que
fomos há muito tempo. E, conosco, estão as pessoas que entraram em nossa vida
por uma razão de convivência e continuam trilhando a mesma estrada.
Portanto, esse fascínio pelo futebol de mesa não é
só nosso.
Será pela glória essa luta? Não sei. Acredito que,
nessa fase da vida, a maior conquista está nas amizades conquistadas, que
mantemos desde nossos primeiros chutes, pelos novos amigos que surgem, com
vontades idênticas à nossa. Os amigos que nos viram dar os primeiros chutes e
que continuam conosco são irmãos, pois o tempo consolidou e evoluiu de amizade
para irmandade. Quantos meninos começaram a jogar comigo e hoje são avós? Já
perdi a conta, mas, para eles, eu continuo sendo aquele mesmo moleque que,
ganhando ou perdendo, saía feliz do encontro.
Muitos,
entretanto, já nos deixaram, semeando saudade em nosso coração. Restam-nos as
fotografias de tempos memoráveis, em que juntos, fascinávamo-nos, como se
dirigíssemos dois grandes clubes que disputam o campeonato brasileiro, ou o
inglês, ou o italiano e alemão. Em nossas mãos estavam os craques que embalavam
nossos sonhos. E quando, por sorte, caía em nosso poder um troféu, a felicidade
estava completa. Era mais um para colocar na estante que construíamos com
pedaços de madeira em nossos quartos.
O futebol de mesa deixou o futebol de botões no
passado. Tornou-se grandioso e até se profissionalizou parcialmente. Sim, visto
que os grandes clubes brasileiros custeiam as despesas de seus atletas, com a
obrigação de levantarem troféus e destinarem ao clube. E, nisso, paulistas e
cariocas estão dando de cem a zero nos outros estados. E não há limite de idade
nesses clubes, pois são organizados campeonatos nas diversas fases da vida. São
diversos campeonatos disputados dentro de uma associação e que premiam todos os
seus participantes. Mas, o mais divertido de todos, é o máster. São todos os
disputantes portadores de cabelos brancos que jogam pelo amor ao futebol de mesa
e que se divertem jogando. E, em cada encontro desses, mais amizades são
formadas. Pessoas que conhecemos de nome, que surgem à nossa frente como se
saíssem de um livro de história e que nos conhecem da mesma forma. E nasce mais
uma amizade, uma amizade madura e cheia de boa vontade e carinho, pois não temos
mais aquela ansiedade de vencer tudo e todos. Hoje, o que mais queremos é ter
amigos e amigos que gostem daquilo que gostamos.
Talvez, seja isso, Ricardo Meni, a fascinação que a
“gente grande” tem pelo futebol de botões.